[#9] 🏆 Recorde: mercado tech BR registra 95 acordos de CVC em 2022
QUINTA-FEIRA • 4 de maio de 2023
O corporate venture capital (CVC) no Brasil
A maioria das nossas grandes empresas já possui fundos para aportes em startups. Em 2022, esses investimentos corporativos se mantiveram estáveis no Brasil apesar da brusca recessão na indústria tradicional de venture capital
De acordo uma pesquisa recente conduzida pela Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), cerca de 83% das empresas de médio e grande porte no Brasil já contam com programas de corporate venture capital (CVC). Todas as que ainda não contam relataram a intenção de aderir à prática, seja por meio de consultorias especializadas ou com os profissionais da própria companhia. O estudo ouviu representantes de 41 organizações com faturamento líquido anual a partir de R$ 1 bilhão, dos setores de energia, saúde, serviços e tecnologia da informação.
Em 2022, apesar da queda brusca dos investimentos de risco tradicionais no Brasil, os aportes empresariais em startups se mantiveram relativamente estáveis. Se levarmos em conta apenas o número de acordos assinados (deals), no último ano a modalidade atingiu o seu recorde histórico em nosso país:
A mesma tendência também foi observada internacionalmente. Conforme dados da empresa de pesquisas PitchBook, os fundos de CVC foram responsáveis por 26,2% das rodadas de financiamento nos mercados globais de tecnologia em 2022; em 2021, a participação foi de 25,6%. Ao que tudo indica, essa porcentagem deve continuar firme em 2023. Scott Lenet, presidente da americana Touchdown Ventures, que ajuda corporações a estruturar caixas de capital de risco corporativo, afirma que nunca recebeu tantos pedidos de empresas para formar seus próprios fundos como agora (TechCrunch+).
Quem explica esse movimento é Alexandre Villela, gestor de CVCs com mais de dez anos de experiência em organizações no Brasil e nos Estados Unidos. Para ele, toda empresa está se tornando um negócio de tecnologia: "A computação é parte central de qualquer indústria. Carros viraram computadores sobre rodas. Cadeias de suprimentos são cada vez mais definidas por software, sendo que empresas como Uber e AirBnb são manifestações diretas desse fenômeno.”
O executivo aponta que, em um mundo onde o software está redefinindo o modelo de negócios das empresas, é natural que os desafios das corporações estejam relacionados à tecnologia. Não obstante, a maioria das organizações continua operando por meio de processos tradicionais provenientes do universo offline, e portanto ainda estão apenas desenvolvendo estruturas digitais modernas.
De fato, aqui no Brasil a maioria (72,7%) dos fundos de investimento corporativos foi criada recentemente, entre 2020 e 2022. Apenas nesse último ano, treze companhias nacionais listadas em bolsas de valores lançaram projetos de corporate venturing. Juntas, elas anunciaram que pretendem destinar pouco mais de R$ 3 bilhões para empreendimentos tech. Aliás, um desses projetos é o L4 Venture Builder, fundo de CVC da própria B3 e que faz parte da estratégia da Bolsa de crescer para além do seu core business.
Scouting 🔎
Entre as treze startups que receberam investimentos corporativos no Brasil em 2023, está a Sensix, agrotech de Uberlândia (MG) que usa inteligência artificial para reduzir o uso de produtos químicos na lavoura em até 70%.
No último mês, a Sensix arrecadou R$ 4 milhões em um mini IPO digital (ou equity crowdfunding) que contou com a contribuição da SLC Agrícola, produtora de commodities fundada em 1977 e com sede em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Score de Maturidade: 423 / 1000
Funding Total: US$ 1,433 mi
Colaboradores: 35 +9,38% em relação a mar/2022
Acessos ao site: 535 +29,3% em relação a mar/2022
N° de sócios: 2
Seguidores no LinkedIn: 6.649
🛈 O Distrito utiliza um algoritmo próprio para determinar o nível de maturidade de +40 mil empresas de tecnologia. A classificação acima constitui apenas um exemplo da aplicação dessa metodologia, e não uma recomendação de investimento
Pra ficar de olho
• Pipeline Capital compra Capiza (InfoMoney)
Ambas assessorias financeiras especializadas em M&As, o Grupo Pipeline Capital Tech comprou a Capiza, que também atua no mercado de dívida. Em 2023, o Pipeline tem como meta realizar cerca de vinte operações de M&As. Também está nos planos o lançamento de unidades de venture building e um fundo de capital de risco.
• Investidor só atrapalha! (Startups)
Durante o Brasil at Silicon Valley (Santa Clara, Califórnia), Vinod Khosla afirmou que 90% dos investidores não adicionam valor às startups. Também falou que outros 70% ainda prejudicam as techs ao olhar para as métricas erradas. Com status de lenda no Vale do Silício, o indiano Khosla comanda há quase duas décadas o Khosla Ventures, que tem nomes como Impossible Foods e OpenAI no book.
📉 LatAm perde investimentos de risco (Startupi)
Em relação a 2021, os valores investidos nas startups da América Latina diminuíram 51% em 2022. A boa notícia é que os financiamentos de risco continuam bem acima dos níveis pré-pandemia, e a maioria das techs do continente segue crescendo e multiplicando receitas. Os números são do “The LatAm Digital Report”, relatório da McKinsey apresentado no mesmo Brasil at Silicon Valley (leia acima).
• CPQD lança venture builder (Startups)
O Centro de Pesquisas e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPQD) anunciou que está lançando a Ventures CPQD, venture builder que irá trabalhar no desenvolvimento de startups desde a ideação até o estágio de tração, quando o negócio receber um investimento de série A. As áreas mais visadas pelo projeto são as de agro sustentável, saúde acessível, indústria do futuro e deep techs.
💰 Fuse quer US$ 50 mi para web3 (Terra)
A gestora carioca Fuse Capital está lançando um fundo de investimentos que terá como foco startups com tecnologias inseridas na estrutura da web3 (blockchain, DeFi, stablecoins, NFTs). O objetivo é investir US$ 50 milhões em 30-40 empresas nos próximos cinco anos. Cada aporte deverá girar em torno de US$ 1 milhão. A gestora pretende concluir um primeiro closing ainda neste semestre, com valor entre US$ 10 e US$ 15 milhões.