[#8] Investimentos globais na indústria cripto caem 80% no 1T’23
QUINTA-FEIRA • 20 de abril de 2023
“Startup não é modinha!”
Assim falou João Kepler, CEO da Bossanova Investimentos, durante a sua apresentação no primeiro dia do Gramado Summit 2023. O evento, que foi criado em 2017 na serra gaúcha pelo empreendedor Marcus Rossi, reuniu cerca de 220 profissionais envolvidos com o universo tech para a edição deste ano, ocorrida na semana passada.
A fala de Kepler era uma crítica aos aventureiros que fundam startups porque acham que elas estão “na moda”. Para ele, essas novas empresas de tecnologia são uma alternativa para o desenvolvimento econômico, com soluções que resolvem problemas reais.
O executivo ainda aconselhou os empreendedores a criar startups enxutas e sustentáveis, e a ter sempre em mente o momento da venda do negócio. Para os investidores de risco, a orientação foi se concentrar em um prazo mais curto para as operações de saída (exits), ou seja: o “go exit” deve substituir o “go big” (portal Startups).
A Bossanova Investimentos foi a casa de venture capital com o maior número de acordos assinados (deals) do Brasil no último ano, quando investiu quase R$ 60 milhões em tecnologias emergentes.
Bom dia!
Esta é a sua News de Venture Capital hoje:
O VC em dados: as 5 categorias de fintech que mais receberam aportes em 2022
Indústria cripto: investimentos globais caem 80% no 1T'23 de um ano para o outro
Principia: fintech de crédito universitário captou investimento seed de US$ 4,5 mi
Leia em 3min26
O VC em dados
Lançado no início deste mês, o Distrito Fintech Report 2023 trouxe um punhado de dados sobre o ecossistema brasileiro de novas tecnologias financeiras. Entre eles, o número de investimentos (deals) realizados em fintechs por categoria no Brasil em 2022 (gráfico).
As que mais concluíram captações nesse período foram as da categoria de crédito. Por meio de 54 acordos assinados, essas startups arrecadaram a soma de US$ 603 milhões, também o maior volume dentro da indústria de finanças tech no último ano. Apesar de as fintechs de back office terem fechado mais acordos do que as de serviços digitais e de tecnologia, estas últimas levantaram mais dinheiro do que aquela — foram US$ 379,6 milhões em serviços digitais, US$ 98,8 em tecnologia e US$ 79,6 milhões em back office.
Investimentos em cripto caem 80% no 1T'23
As startups da indústria cripto (blockchain, DeFi, moedas digitais, Web3, smart contracts) já viveram dias melhores. De acordo com dados publicados pela companhia internacional de pesquisas PitchBook, os investimentos globais nessas empresas caíram para o nível mais baixo desde 2020 no último trimestre. Em relação ao mesmo período de 2022, a queda foi de 80%. Foram US$ 2,4 bilhões no 1T’23 contra US$ 12,3 bilhões no 1T’22, o recorde histórico da categoria.
Claro que parte da redução das apostas na indústria cripto mundial está diretamente relacionada à desaceleração geral dos investimentos em novas tecnologias ocorrida ao longo de 2022. No entanto, o setor também enfrenta seus próprios desafios, como uma série de falências de empresas que deixaram os investidores com o pé atrás na hora de colocar dinheiro em startups cripto. A mais estrondosa delas foi a da corretora FTX, mas a Voyager Digital e a Genesis (também norte-americanas) são apenas mais dois entre muitos outro exemplos de organizações desse mercado que deram com a cara no muro.
Aqui no Brasil, como apontado em edições anteriores desta news, os investimentos em tecnologias cripto ainda são bastante modestos. Contudo, as nossas startups de criptomoedas ficaram em 5° lugar no ranking das fintechs que receberam o maior número de aportes (deals) em 2022 (leia acima). Foram US$ 36,9 milhões investidos por meio de onze acordos assinados.
Agora em 2023, a Parfin concluiu uma rodada semente no valor de US$ 15 milhões, muito acima da média para uma startup nesse estágio de desenvolvimento no Brasil. A fintech anglo-brasileira oferece infraestrutura para custódia, negociação, tokenização e gerenciamento de ativos digitais. O aporte foi liderado pela Framework Ventures, gestora do Vale do Silício com perto de US$ 1,4 bilhão de ativos alocados em companhias tech.
Para Robert Le, analista do PitchBook, acredita que os investimentos no mercado cripto não serão mais baseados no receio de ficar de fora da última onda tech ou nas estratégias de outros gestores. Assim como está ocorrendo em relação às novas tecnologias em geral, as do setor cripto também enfrentarão critérios mais rigorosos dos VCs até conseguirem fechar um acordo de financiamento. A tendência é que os gestores sejam mais cautelosos e que os valores aplicados na indústria diminuam um tantinho.
Principia
Fintech de crédito universitário capta seed de US$ 4,5 mi
Criada em 2022, a Principia é uma startup de finanças que assume todo o processo de faturamento e cobrança de pequenas e médias universidades. Para o aluno, a fintech promove o financiamento da faculdade para evitar a evasão e oferece flexibilidade no pagamento das mensalidades (cartão, boleto, Pix). O objetivo do negócio é zerar a inadimplência universitária no Brasil.
A Principia é liderada por Newton Maia, ex-CEO da IMC (International Meal Company), dona de nomes como Pizza Hut, KFC e Frango Assado.
Investidores
Pois mal a Principia chegou ao mercado e já arrecadou um investimento semente de US$ 4,5 milhões liderado pelo Valor Capital Group (Gympass, Loft e Stone). A rodada foi acompanhada pela Supera Capital e pela GFC (Global Founders Capital).
A fintech ainda anunciou a fusão com a 4ies, concorrente também criada em 2022 e comandada por Diogo Fonseca (ex-Pravaler, Quero Educação).
Pra ficar de olho
• O que esperar do VC no 2S'23? (Exame)
Quem assina o texto é Brian Hutchings, da firma de advocacia Gunderson Dettmer, de Nova York
• -66% em investimentos na Europa (Crunchbase)
Terminado o 1T'23 na Europa, dados mostram que os valores investidos em startups do continente caíram 66% em relação ao mesmo período do ano anterior
• Afinal, o que querem os founders? (Startups)
Um estudo do Boston Consulting Group (BCG) com 120 founders latino-americanos revelou o que eles mais esperam dos fundos de venture capital