[#6] Revolução da Blockchain ⛓️
QUINTA-FEIRA • 23 de março de 2023
Não se fala em outra coisa: no início do mês, o Silicon Valley Bank (SVB) anunciou que iria levantar US$ 2,25 bilhões para continuar com as operações. Foi o que bastou para que os correntistas, principalmente os da indústria de venture capital, disparassem em direção aos caixas do banco para sacar cerca de US$ 42 bilhões e levar a instituição à falência. A organização do Vale do Silício era conhecida como a “casa” do capital de risco e se incluía entre os vinte maiores bancos dos Estados Unidos.
Entre as causas da quebra, especialistas apontam as taxas de juros nos Estados Unidos, que foram elevadas pelo Federal Reserve para controlar a inflação no país, que fechou 2022 em 6,5% — índice considerado alto para os padrões americanos. Outro fator que contribuiu com a bancarrota foram elas, as redes sociais. Isso porque a web foi inundada com mensagens alarmistas mandando os clientes do Silicon Valley Bank retirarem o dinheiro que tinham no banco. Quando a companhia foi ver, já tinha sido morta.
RIP SVB 🪦
Bom dia!
Esta é a sua News de Venture Capital hoje:
O VC em dados: um panorama dos investimentos em blockchain no mundo todo
Blockchain: no Brasil, a tecnologia de contabilidade mal saiu do papel
Leopoldo Lima: diretor de M&A da Afya fala sobre as estratégias de aquisição de uma das maiores empresas compradoras de startups do Brasil
Leia em 2min49
O VC em dados
As indústrias de varejo e marketing online, sempre bastante aquecidas em termos de M&As, têm dado lugar para as de educação e saúde no ranking dos setores tech mais procurados para aquisições no Brasil. Em 2022, as healthtechs e edtechs inclusive superaram as retailtechs e martechs em número de fusões e aquisições (tabela).
Os motivos dessa ascensão são diversos. Dentre eles, podemos destacar o fato de que o mercado de tecnologia brasileiro ainda não conta com tantos casos de startups em estágios de desenvolvimento muito avançados (Série C, D, E…) nos setores de educação e saúde. Consequentemente, isso torna o preço dessas startups mais atrativos para as grandes empresas. Além disso, é válido destacar a consolidação que ambos os setores passaram recentemente, com corporações adquirindo de forma frequente outras organizações como forma de ganhar mercado e trazer mais eficiência para dentro de casa.
Revolução da blockchain engatinha no Brasil
Conforme a definição da empresa de tecnologia IBM, blockchain é “um livro-razão compartilhado e imutável que facilita o registro de transações e o rastreamento de ativos em uma rede empresarial". Por meio dessa corrente (chain) virtual, diversas pessoas podem adicionar e verificar informações relacionadas a trocas de valores ocorridas na internet, mas não alterar nem remover qualquer dado contido nela. É exatamente isso o que garante a segurança e confiabilidade de uma rede blockchain.
No entanto, o fato de a tecnologia dispensar instituições financeiras para validar essas trocas monetárias é o que a torna tão revolucionária. Na verdade, há quem diga que a blockchain causará em nossas sociedades uma transformação equivalente às que causaram invenções como o motor a vapor, o rádio, a televisão, o avião e a própria prensa móvel, quase seiscentos anos atrás.
Hoje, a blockchain já extrapolou sua aplicação original como livro-razão de criptomoedas e está sendo testada em inúmeras áreas, tanto por startups quanto por organizações tradicionais. Uma rede blockchain pode documentar pedidos de lojas, contratos online, patentes, direitos autorais, criação de marcas, produção de materiais, entre incontáveis outras coisas. Expoentes como Google, Amazon e Microsoft estão todos conduzindo seus próprios projetos de desenvolvimento de sistemas de registro digital neste exato momento.
Infelizmente, no Brasil os investimentos em blockchain ainda são ínfimos. No último trimestre de 2022, foram investidos apenas US$ 46 milhões na tecnologia de contabilidade em toda a América Latina (CB Insights). No mesmo período, os EUA, a Europa e a Ásia arrecadaram US$ 1 bilhão cada região. O que existe em nosso país são só alguns projetos isolados de empresas ou na iniciativa pública. Por exemplo: neste mês, a Câmara dos Deputados recebeu o Projeto de Lei (PL) 936/2023, do deputado federal Professor Reginaldo Veras (PV-DF) e que prevê usar o sistema para combater o garimpo ilegal no Brasil. O texto discorre sobre “a criação de mecanismos de rastreabilidade de todas as etapas da cadeia comercial do ouro, com documentos verificáveis por endereçamento eletrônico por Código QR e blockchain".
As estratégias de aquisição da Afya
A Afya cresceu nos anos 2.000 como um conjunto de instituições de ensino superior em medicina com faculdades espalhadas por quatro estados brasileiros. Atualmente, a companhia está entre as que mais adquiriram empresas de tecnologia no Brasil, ao lado de nomes como Magazine Luiza, Totvs, B2W Digital, Linx e Locaweb. Entre 2020 e 2022, a Afya adquiriu dez startups de saúde pela soma de R$ 3,2 bilhões, tornando-se o maior grupo de educação médica do País com base no número de vagas para estudantes.
Leopoldo Lima, diretor de M&A da Afya, falou com a nossa news sobre as estratégias de aquisição da organização:
A Afya adquiriu mais de dez instituições de ensino no decorrer de sua trajetória. Como essa estratégia de aquisição de empresas de tecnologia está relacionada com o desenvolvimento da Afya no tradicional setor da medicina?
A Afya se posiciona como uma empresa parceira do médico, de modo a atender as dores desse profissional desde os primeiros anos de estudo, durante a graduação e até o último dia da sua carreira. Dessa forma, a companhia compreendeu desde cedo que entrar no segmento de serviços digitais para médicos era a melhor alternativa para atingir esse propósito, bem como alongar o lifetime value desse cliente.
Como a equipe da Afya avalia startups no mercado de educação médica e quais características as empresas com potencial para aquisição devem ter?
É importante ter em mente que o profissional médico é, via de regra, alguém comprometido com o estudo durante toda a sua vida profissional. Nesse contexto, surgiram nos últimos anos muitas plataformas de conteúdo visando a atender esses gaps, seja de formação do profissional, seja de atualização. É o caso de algumas aquisições recentes que foram feitas pela Afya no último ano, como Além da Medicina e Cardiopapers. Enquanto a primeira está focada em levar conteúdos não relacionados à medicina para o médico, como soft skills, finanças, gestão do consultório etc., a segunda está focada no nicho de cardiologia, com cursos preparatórios para a prova de título, por exemplo. O importante nesses casos são os diferenciais que essas empresas trouxeram para a operação, que estão relacionados tanto à qualidade dos conteúdos, a forma profissional/estudante, e também a autoridade que os fundadores possuem sem seus respectivos nichos de mercado.
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