[#14] O papel das fusões e aquisições no ecossistema de inovação
As fusões e aquisições desempenham um papel estratégico importante para grandes empresas, startups e investidores. Saiba mais.
Diferente dos investimentos em startups, que tiveram quedas bem expressivas, as fusões e aquisições (M&As), se mantiveram mais estáveis, tendo quedas menores no 1º semestre de 2023 em relação ao período de 2022.
Os M&As desempenham um papel estratégico no fortalecimento do ecossistema de inovação. Através das fusões e aquisições, as grandes empresas têm a oportunidade de adquirir conhecimentos e tecnologias complementares, expandir sua capacidade de pesquisa, acessar novos mercados, aumentar sua base de clientes e área de atuação. Para investidores, M&As significam uma possibilidade de liquidez.
Além disso, a união com startups permite a combinação de recursos, conhecimentos e expertises diferentes, resultando em sinergias que podem acelerar o progresso tecnológico e impulsionar a inovação.
Essa troca de recursos impulsiona a criatividade, a colaboração e a busca por soluções inovadoras, além de atrair investimentos estrangeiros para o país, ampliar a competitividade e fomentar o empreendedorismo.
Historicamente, os setores que lideram o ranking de M&As no Brasil são Fintech, Retailtech e Martech.
A população da América Latina é desbancarizada. Segundo o Banco Mundial, em 2021, 122 milhões de cidadãos latinoamericanos não tinham conta no banco. Isso abriu uma grande oportunidade para Fintechs atuarem na região. Com isso, cresceu também a tendência de “fintechzação” das empresas, que buscam cada dia mais incorporar serviços financeiros aos seus portfólios de atuação e adquirem startups para tal.
Por sua vez, o varejo é um setor extremamente importante para a economia e, segundo o IBGE, segue em constante crescimento. Esse crescimento deve-se, principalmente, ao surgimento do e-commerce, que mudou os hábitos de consumo da população brasileira e, em 2022, principalmente devido à pandemia causada pela covid-19, aumentou o faturamento em 785% segundo a SmartHint.
Em um mundo cada vez mais conectado e digital, as Martech são parceiras extremamente estratégicas quando o assunto é desenvolver ações de comunicação alinhadas aos princípios das empresas, principalmente devido à dificuldade interna de produção de tecnologias capazes de gerar inovação disruptiva.
Por causa disso, as Martech foram o maior alvo de aquisições no primeiro semestre de 2023, sendo responsáveis por 16% das operações do semestre com 10 movimentações neste período, seguidas por Fintech e Edtech, ambas com 7 transações.
Apesar do semestre somar 61 operações de M&A, ainda assim este número sofreu uma queda de 27,4% em relação ao semestre anterior. Em comparação ao mesmo período do último ano, foi de 48,7%. Mesmo em queda, os M&As têm mantido um bom ritmo. Isso provavelmente porque a natureza dessas negociações são mais longas e focadas mais em estratégia que retorno financeiro.
Ainda, das operações realizadas neste semestre, 28 foram startups que adquiriram outras startups. Este movimento é observado desde 2011, onde startups lideram a aquisição de outras empresas, seguido por empresas tradicionais.
Ao facilitar a combinação de recursos, conhecimentos e mercados, essas transações contribuem para a criação de um ambiente propício à geração de ideias inovadoras e ao desenvolvimento tecnológico, consolidando o Brasil como um player importante no cenário da inovação.
Criando um ecossistema de soluções através dos M&As
Conforme explorado anteriormente, os M&As são extremamente importantes para a expansão de atuação das empresas.
A fim de implementar soluções em toda a jornada do cliente, a Afya, ecossistema de educação em saúde e Healthtechs, realizou algumas aquisições focadas em Healthtechs, por exemplo. Após seu IPO, as aquisições de startups realizadas pela empresa chegaram a 57,9% de todas as operações.
Dentre as onze startups adquiridas pela Afya, 45,4% referem-se à startups de acesso à saúde, gestão e PEP representam 27,3% e telemedicina, engajamento do paciente e análise de dados constituem 9,1% cada.
A partir disso, a Afya consegue aliar análise de dados às suas soluções tecnológicas, amplia seu portfólio e sua base de clientes.
Isso gera uma enorme vantagem competitiva guiada por dados de forma que uma empresa do grupo potencializa a outra.
Junho em retrospectiva
Junho já acabou, mas trouxe consigo investimentos importantes para o ecossistema brasileiro de inovação. Confira abaixo!
Destaques de M&As do mês
Destaques das Rodadas de Financiamento do mês
Ranking de Investidores Seed Stage - Últimos 12 meses
Pra ficar de olho
Bard chega ao Brasil (Startupi)
O Google lançou no Brasil, após três meses de sua estreia nos Estados Unidos, o Bard, inteligência artificial do buscador mais popular do mundo. A plataforma é a aposta da big tech na corrida pelo mercado de criação de conteúdo automático através da inteligência artificial generativa e concorre diretamente com o ChatGPT.
Venture predation: novo conceito critica práticas de VC (Exame)
Um estudo tem gerado burburinhos no mundo de Venture Capital e não é à toa. Um artigo publicado recentemente no Journal of Corporation Law, uma renomada revista de direito corporativo nos Estados Unidos, apontou o Venture predation, uma prática que consiste em criar políticas de preços predatórias, fosse uma das razões de existir de gigantes do Vale do Silício. Para os autores, essa prática beneficia startups e VCs em detrimento dos consumidores e concorrentes.
Conteúdo para ficar de olho 👀
Você já leu o report Inside Venture Capital: M&A’s?
Apresentamos cenários de fusão e aquisição de corporações e startups e como isso pode ser uma estratégia de expansão dos negócios.